Fetali – Medicina Fetal e Ultrassonografia

Mudança de endereço: Fetali Vila da Serra

A partir do dia 03/01/2024 a Fetali Vila da Serra passa a prestar seus serviços em novo endereço. 

📍R. da Paisagem, 310, 1º andar – Vale do Sereno, Nova Lima – MG, 34006-059, ao lado do Hospital Vila da Serra.

⚠️Fique atento a marcação do local e horário do seu exame para não ocorrer imprevistos e atrasos.

Qualquer dúvida entre em contato com nossa Central de Atendimento 31 2116 4400 ou pelo WhatsApp 31 99115 0095.

Estamos trabalhando em parceria com o Grupo Oncoclínicas para maior conforto e melhoria dos atendimentos.

Agradecemos desde já a atenção e compreensão de todos.

A “nova” mielomeningocele

A “nova” mielomeningocele

 

A Mielomeningocele ou Espinha Bífida é uma doença grave do Sistema Nervoso Central que acomete os bebês antes do seu nascimento com o não fechamento da coluna e a exposição do tecido neurológico ao líquido amniótico e ao ambiente intrauterino. Essa exposição pode levar a danos irreparáveis nos nervos da medula e a danos motores nos membros inferiores, no quadril e nos músculos do assoalho pélvico. Também é uma porta de infecção neurológica após o nascimento.

Essa malformação da coluna permite que o líquido céfaloraquidiano ou simplesmente líquor, líquido produzido dentro do cérebro e que protege todo o Sistema Nervoso Central, extravase através da mielomeningocele. O extravasamento do líquor leva a uma diminuição da pressão liquórica dentro do Sistema Nervoso Central e à descida das estruturas da base do cérebro (Tronco Cerebral e Cerebelo) através do forame magnum, um orifício natural na base do crânio. O mal posicionamento do cerebelo e do tronco cerebral através do Forame Magnum por sua vez impede a livre circulação do líquor que passa a se acumular dentro do cérebro, causando dilatação dos ventrículos que se não tratada pode culminar com a Hidrocefalia. Essa segunda etapa desencadeada pelo acúmulo de líquor no Sistema Nervoso Central é um importante causa de mal desenvolvimento cognitivo, atraso no aprendizado, alterações na fala, risco aumentado de óbito após o nascimento e durante o desenvolvimento da criança.

A mielomeningocele por se tratar de uma doença complexa, relativamente frequente e com um forte impacto negativo sobre a vida do bebê e de toda a família, no final dos anos 80 foram realizadas as primeiras tentativas de se corrigi-la dentro do útero. Desde então várias técnicas foram propostas, mas só a partir de 2011 com a publicação do MOM’s (Management of Myelomeningoceles Study) o estudo mais importante acerca do tratamento cirúrgico intrauterino para correção da mielomeningocele, é que a cirurgia fetal passou a ser a primeira escolha de tratamento no mundo.

Antes da cirurgia fetal intrauterina cerca de 95 crianças de cada 100 portadoras de mielomeningocele evoluíam com hidrocefalia após o nascimento. O risco de óbito após o parto era bastante elevado, seja pelas complicações da hidrocefalia e seu tratamento, seja pelas complicações da meningite. A quase totalidade das crianças necessitavam da realização de cirurgias neurológicas para implantar um dreno dentro do cérebro e diminuir a pressão provocada pelo acúmulo de líquor. O dreno em questão requeria novas cirurgias ao longo da vida para ser reposicionado ou trocado por mal funcionamento.

Antes do advento da cirurgia fetal apenas 24% das crianças sobreviventes mantinham suas funções motoras preservadas, bem como sua capacidade de caminhar sem auxílio de órteses ou próteses. Muitas delas vieram a se tornar dependentes do uso da cadeira de rodas na vida adulta ou tiveram graves complicações da saúde decorrentes do mal funcionamento renal e das infecções urinárias recorrentes.

Após a popularização e a acessibilidade de um número crescente de gestantes à cirurgia intrauterina para correção da mielomeningocele, as estatísticas acerca das complicações causadas pela doença sofreram drásticas reduções. Impactaram reduzindo o número de recém- nascidos retidos em UTIs neonatais, o número de mortes, de crianças submetida à implantação do dreno ventrículo-peritoneal, as internações por infecções, a incidência de fístulas, a dependência de cadeira de rodas e os custos na assistência à saúde.

No entanto, a despeito da melhora nos índices de sobrevida e de qualidade de vida para essas crianças e suas famílias, criou-se uma leva de cidadãos que passaram a lidar com necessidades distintas, porque mesmo sendo a cirurgia fetal um recurso que garantiu a sobrevivência e redução das complicações globais, ela nunca foi capaz de curar definitivamente uma doença congênita. A cirurgia intrauterina para a correção da mielomeningocele, independente da técnica utilizada, não têm a capacidade de reverter integralmente os danos provocados pelo mal fechamento do tubo neural e seus desdobramentos, gerando assim uma nova doença a qual nos referimos como “Nova Mielomeningocele”.

A “Nova Mielomeningocele” é uma forma atenuada das complicações e da gravidade do defeito aberto do tubo neural. Mesmo que estatisticamente se comprove que a cirurgia intrauterina melhore a vida das crianças, essa melhora só se tronará palpável caso a criança receba uma assistência multiprofissional por toda sua vida. Pois ela continuará tendo dificuldades para caminhar, poderá sofrer de problemas urinários e intestinais, muitos terão seus desenvolvimentos cognitivos mais lentos e restritos e muitos precisarão se submeter a múltiplas cirurgias ortopédicas, urológicas e/ou neurológicas.

E quanto aos pais, sobretudo as mães?

Muitos pais relatam sentimentos ambíguos de alegria, alívio, gratidão seguidos de culpa, frustração, medo e indignação. Os pais vivem um tobogã de sentimentos e desejos desde o diagnóstico, passando pela batalha do tratamento intrauterino e pela espera angustiante até o nascimento. Muitas vezes, no afã de se garantir uma melhor condição de vida para seus filhos, a mãe se apoia na fé cega de que seu bebê será integralmente curado, se apegando muitas vezes naquela que é a exceção dos casos. Mesmo que racionalmente compreendam o “cientifiquês”, no seu íntimo reside a esperança de que tudo não passará de um pesadelo.

Os dias, semanas e meses subsequentes ao nascimento se revelam aos pais de maneira muito nua e crua. Aos poucos percebem que há muito a ser feito a partir de então. Eles carecem de uma melhor compreensão do estado geral do seu filho e sempre ficam imersos em indagações: “O que faço a partir de agora?”, “A quem devo procurar primeiro?”, “Quais exames devo realizar?”, “A quem devo entregar os resultados?”, “Qual especialista devo levar meu filho?”, “Quando devo começar a fazer fisioterapias?”, “Ele vai andar?”, “Preciso levar no ortopedista?”

Não há uma única resposta que contemple a todos os casos. Cada criança é única e cada uma responde de maneira distinta ao tratamento intrauterino, independente de qual técnica cirúrgica for utilizada. Fatores como a idade gestacional em que é realizada a cirurgia, a gravidade e extensão da lesão primária, as repercussões pré-operatórias da doença sobre o sistema nervoso central, os defeitos anatômicos associados, complicações previsíveis no ato operatório, a prematuridade extrema e a assistência perinatal podem interferir em conjunto ou isoladamente para definir o quão melhor ou pior será o prognóstico da criança. Além disso, acumula-se sobre todas as possibilidades todas as outras intercorrências comuns a quaisquer crianças durante seus desenvolvimentos.

 

Texto de autoria do Dr. Fábio Batistuta de Mesquita, especialista em Medicina e Cirurgia Fetal, diretor técnico da Fetali – Medicina Fetal e Ultrassonografia.

Dicas importantes para mamães de primeira viagem!

Sabemos que mesmo em um período tão especial, muitas dúvidas podem surgir, não é mesmo?
Então, que tal algumas dicas para as mamães de primeira viagem? Anote aí:
  • Cuide da sua saúde física e mental;
  • Faça uma lista com tudo que você precisa comprar para evitar aquele esquecimento e sufoco de última hora;
  • Busque informações sobre amamentação;
  • Faça o seu plano de parto e, se for necessário, não hesite em tirar todas a dúvidas sobre o momento da chegada do bebê com o obstetra;
  • Se precisar, peça ajuda! Conte com quem você confia, seu parceiro, familiares, médicos e todas as pessoas que você se sente confortável para ajudar, caso precise;
  • Visite obstetras, maternidades e pediatras com antecedência para identificar aqueles que você mais confia.

 

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Fetali
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Ecocardiograma Fetal

A maioria das crianças cardiopatas (86%) nascem de mães consideradas de baixo risco, de pré-natal habitual. Ainda são poucos os diagnósticos fetais das cardiopatias. A maior parte desses bebês nasce sem o diagnóstico e um tempo precioso é desperdiçado muitas vezes até a descoberta da alteração, interferindo diretamente na qualidade do atendimento.

O ultrassom morfológico realiza um “screening” do coração, ou seja, funciona como um rastreio. O ecocardiograma fetal é um estudo mais aprofundado, onde avaliamos toda a anatomia e função cardíaca de maneira detalhada e precisa, e que chega a ter acurácia de até 98% no diagnóstico das alterações. O ecocardiografista fetal trabalha em parceria com toda a equipe de obstetrícia e ultrassonografia.

ECOCARDIOGRAMA FETAL: O QUE É E QUAL A SUA IMPORTÂNCIA

É um exame realizado através de equipamento de ultrassom, especialmente ajustado para a análise do coração fetal. Toda a estrutura anatômica, forma, função e ritmo cardíacos, serão avaliados de forma extremamente detalhada, para que nenhum diagnóstico importante fique sem ser conhecido. Realizado por profissional especialista em coração fetal, é ferramenta precisa e necessária para o reconhecimento das várias formas de cardiopatias, que, apesar de serem as alterações mais prevalentes no feto, não são as mais diagnosticadas por ultrassom convencional (morfológico ou obstétrico).

 

Para agendar o seu ecocardiograma fetal com nossa equipe entre em contato conosco!

Travessia

A Medicina Fetal é especialidade que tem o desafio de cuidar da vida do homem em um cenário que não é possível contato direto – o feto em desenvolvimento no útero. É desafiador e ao mesmo tempo admirável a possibilidade de intervir em uma fase muito precoce da  vida com o avanço das técnicas e tratamentos desenvolvidos nos últimos 25 anos.  Tais intervenções podem transformar radicalmente a vida daquele ser que está por nascer.  Exemplos disso são as cirurgias fetais, como a reparação da mielomeningocele ainda no útero materno. Mas apesar desse êxito da medicina, existem algumas malformações e doenças fetais que não tem possibilidade de tratamento, nem após o nascimento.  O comunicado do diagnóstico aos pais de que aquele bebe tem uma alteração é uma etapa da assistência médica muito delicada. 

Como a maioria dos médicos, meu treinamento na faculdade e residência médica foi dedicado ao diagnóstico de doenças e ao domínio de opções terapêuticas. Não estamos preparados para ficar sem escolhas terapêuticas.  E quando nos encontramos diante de um diagnóstico que não existe tratamento ou que apesar dos nossos esforços não somos capazes de chegar a um resultado satisfatório, experimentamos, em um primeiro momento, a sensação de fracasso, de impotência, de escassez e isso pode causar ruídos de comunicação entre médico e paciente. 

O momento de falar sobre um diagnóstico que vai contra as expectativas dos pais de um filho perfeito e saudável é delicado, pois naquele instante estamos desconstruindo toda uma ilusão criada em torno daquela gestação e daquele bebe. Naquele instante… desconstruímos um sonho. O diagnóstico de uma síndrome genética  ou malformação fetal que não permitem a sobrevida daquela criança após o nascimento ou que permita uma vida que não vai de encontro as expectativas dos pais, é catastrófico.  Qual seria a melhor maneira do médico comunicar o diagnóstico e amenizar esse sofrimento dos pais? É uma pergunta muito difícil… Não existe uma regra. Cada família terá sua demanda e cada patologia tem suas peculiaridades. Mas é certo que quando nos colocamos de lado da paciente e da família, ela sente que nesse momento compartilhamos da sua dor, sofremos um pouco o sofrimento dela, percebe que sua tristeza foi vista e reconhecida, que a existência de seu filho, ainda que breve, está sendo respeitada e admirada. Não ter opções terapêuticas não é sinônimo de não se ter mais nada a oferecer. O efeito de apenas estar ali compartilhando e sendo solidário é incrível, é curativo para ambos os lados! Nesse momento somos ponte entre dois mundos: o da expectativa de uma criança perfeita e o da nova realidade que se apresenta. Devemos ser essa ponte estando presentes de fato, compartilhando com o casal de forma respeitosa e carinhosa as evidências cientificas existentes até então e acolhendo com empatia e escuta. 

Médicos e pacientes precisam aprender a reconhecer os limites do poder da medicina. E isso significa ter compaixão por nós mesmos. Lutamos diariamente para conciliar a grande responsabilidade  de curar com a realidade de que toda vida é finita. A beleza da vida não deveria ser tomada como garantida, existe o outro lado… existe a escuridão. Mas essa escuridão nos permite ver a luz, quando compreendemos e convivemos com sabedoria e leveza com nossos limites. 

A empatia, a comunicação e a tomada de decisão compartilhada são essenciais e tem cada vez mais valor na nossa sociedade. Eu acredito que esse é o caminho para uma relação de respeito e informação.  

Sejamos essa ponte, pelas nossas pacientes e por nós! 

 

 

Texto de autoria da Dra. Marianna Amaral Pedroso.

Baseado em uma profunda conversa com um grande amigo durante um voo e no relato de Bettina Paek “The Unexpected Power of Presence”, publicado no ACOG em abril de 2019 

 

 

Dra. Marianna Amaral Pedroso
Dra. Marianna Amaral Pedroso

Amniocentese

Amniocentese

A amniocentese é um procedimento médico em que é coletado uma pequena quantidade de líquido amniótico, que é o fluido que fica ao redor do bebê no útero, por meio de uma agulha. Essa amostra de líquido é posteriormente enviada a um laboratório para realizar testes diagnósticos, como por exemplo, avaliação da genética do feto para saber se tem Síndrome de Down ou outras anomalias genéticas.

Esse procedimento geralmente é realizado quando há alguma suspeita de alterações na anatomia do bebê pelo ultrassom de rotina ou pela detecção de marcadores ultrassonográficos que aumentam o risco da criança ter alguma síndrome genética. Também pode ser realizado caso haja uma doença hereditária na família e há o desejo de investigar se o feto foi afetado por essa doença, para investigação de infecção intraútero e até mesmo para teste de paternidade.

A seguir algumas dúvidas que muitas gestantes tem ao realizar esse exame:

 

  1. Como a amniocentese é realizada?

A amniocentese é realizada por um médico especialista e sempre é feita guiada por um ultrassom. Não há necessidade de realizar nenhum preparo especial antes do exame, isso significa que você pode comer e beber normalmente no dia.

Primeiro o médico vai checar a posição do bebê e conferir os batimentos cardíacos fetais no ultrassom. Em seguida, vai limpar a sua pele do abdome com um sabão anti-séptico. Depois, uma agulha é inserida no seu abdome em direção ao útero a fim de alcançar o líquido amniótico e é retirada uma amostra de 15-30 ml. Todo o procedimento é feito guiado pelo ultrassom e é um procedimento que não machuca o bebê. Essa agulha fica dentro do seu útero só por alguns minutos.

Durante o procedimento não há a necessidade de nenhum tipo de anestésico, e você ficará acordada o tempo todo. Alguns médicos realizam um botão anestésico no local onde será inserido a agulha no abdome para mais conforto da gestante. No final o médico vai colocar um curativo no local que foi realizada a punção. Se você se sentir insegura, pode trazer um acompanhante para te dar suporte emocional durante o procedimento.

 

  1. A amniocentese dói?

A dor da amniocentese é similar à de tirar sangue, mas você também pode sentir cólicas durante o exame. A maioria das mulheres não precisa de nenhuma medicação para realizar o procedimento.

 

  1. Quais são os riscos?

Toda gestação tem um pequeno risco de evoluir para aborto espontâneo e realizar uma amniocentese pode aumentar um pouco esse risco. Essa complicação acontece em 1 a cada 200 gestantes, ou seja, o risco é menor que 0,5%.

Além disso, é importante explicar que a quantidade de líquido amniótico retirada durante o exame é muito pequena e não afeta o desenvolvimento do bebê se realizada após as 16 semanas.

 

  1. Preciso realizar algum exame antes de fazer a amniocentese?

Antes do procedimento o médico deve saber a sua idade gestacional. Como já foi falado, a amniocentese não deve ser feita antes de 16 semanas de gestação, devido aos maiores riscos de complicações. Além disso, é importante você saber qual é o seu grupo sanguíneo, pois se for negativo (Rh -), após a amniocentese você precisará tomar uma vacina anti-imunoglobulina D. Outros exames que devem ser realizados são testes para hepatite B e HIV. Se você tiver alguma outra doença você deve discutir com seu médico a necessidade de realizar outros exames.

 

  1. Quanto tempo eu fico de repouso após o procedimento?

Após a amniocentese deve-se evitar a prática de atividade física por 1-2 dias, contudo não há necessidade de repouso absoluto. É comum sentir uma dor leve na primeira noite após o exame, você pode tomar um comprimido de analgésico recomendado pelo médico assistente, se sentir necessidade.

 

  1. Quando eu devo buscar atendimento médico após a amniocentese?

Se você tiver algum sangramento vaginal, dor abdominal importante, febre alta ou perda de líquido na vagina você deve ir a um pronto atendimento. Em geral, se você permanecer bem após a 1 a 2 semanas após a amniocentese, é incomum que complicações aconteçam.

 

  1. Como eu sei sobre os resultados da amniocentese?

O seu médico vai marcar uma consulta de retorno para que ele te explique os resultados. Além disso, você deve passar o seu telefone para que se alguma alteração importante for detectada você seja comunicada mais brevemente.

Dependendo do laboratório em que o material será analisado, o resultado será encaminhado diretamente para você e tão logo isso aconteça é importante agendar uma consulta com seu médico assistente para esclarecimento de dúvidas.

Essas são algumas dúvidas comuns a respeito da amniocentese. Lembre-se que explicamos de uma maneira geral, mas cada caso deve ser avaliado de maneira individualizada.

A amniocentese é um serviço oferecido pela Fetali – Ultrassom e Medicina Fetal. Entre em contato conosco caso permaneça alguma dúvida e para agendamentos.

Central de Agendamentos: 31 2116 4400 ou se preferir agendamento por WhatsApp 31 99125 0095

Trissomia do 18

A trissomia do 18, designada pelo epônimo síndrome de Edwards, é uma síndrome genética cuja incidência de 1: 3000-7000 nascidos vivos, sendo três vezes mais frequente no sexo feminino. Corresponde à segunda trissomia autossômica mais comum na população recém-nascida, logo após a síndrome de Down (trissomia do 21). Existe correlação entre a idade materna avançada e a ocorrência da trissomia do 18. Ademais, a taxa de recorrência da doença (probabilidade uma mulher com feto prévio diagnosticado com síndrome de Edwards gestar outro filho com a doença) gira em torno de 1%.

Sabe-se que a maioria dos portadores da síndrome de Edwards apresenta uma cópia extra do cromossomo 18 inserida no genoma de todas as suas células. Esse material genético supranumerário é responsável por desencadear múltiplas alterações no desenvolvimento de diversos órgãos do corpo humano.

A suspeita de trissomia do 18, bem como de outras anormalidades cromossômicas, costuma advir de alterações morfológicas do feto detectadas ao ultrassom. O tipo e a frequência desses achados ultrassonográficos variam de acordo com a idade gestacional, sendo que os mais documentados são:  restrição de crescimento intrauterino (feto pequeno para a idade gestacional), defeitos de fechamento da parede abdominal, cardiopatias, cistos do plexo coróide, aumento da translucência nucal, anormalidades cranianas variadas, posicionamento anormal das mãos (mãos cerradas), entre outros.

Atualmente, o rastreamento de síndromes genéticas no feto é realizado precocemente por meio da avaliação de marcadores ecográficos no exame do primeiro trimestre (entre 11 e 13 semanas e 6 dias). Esses marcadores são: translucência nucal, osso nasal ausente ou hipoplásico, regurgitação tricúspide e avaliação do ducto venoso. A avaliação de todos esses marcadores associado a avaliação da anatomia fetal e história materna tem uma taxa de detecção de aproximadamente 90% das síndromes genéticas, dentre elas a trissomia do 18.

O NIPT, exame que avalia fragmentos de DNA fetal no sangue materno, é outro método de rastreamento, com sensibilidade muito grande para síndromes genéticas, principalmente a trissomia do 21, 18 e 13.

Vale ressaltar que o diagnóstico é dado por meio da análise do cariótipo fetal. Obtém-se uma amostra de células fetais ou placentárias (por amniocentese, biópsia de vilo corial ou cordocentese) e sua análise permite contar e enumerar os pares de cromossomos.

Geralmente a doença cursa com prognóstico reservado e muitos estudos apontam a morte intraútero como um desfecho frequente durante o pré-natal. As doenças cardíacas congênitas ocorrem em mais de 50% dos portadores da síndrome e o acometimento gastrointestinal está presente em aproximadamente 75%. Em geral, 50% dos bebês nascidos com a síndrome morrem nas duas primeiras semanas de vida e em torno de 5-10% sobrevivem ao primeiro ano de idade. Os principais problemas médicos descritos para os sobreviventes de longa data incluem escoliose, refluxo gastroesofágico, perda auditiva e tumor de Wilms, além de défict intelectual significativo. Curiosamente, os estudos científicos apontam que os portadores do sexo feminino têm maior chance de sobreviver durante a gestação e após o nascimento, isso justifica a maior ocorrência da síndrome em pacientes femininas e uma expectativa média de vida mais longa estar associada a esse sexo (9,6 meses de vida são esperados para o sexo feminino e 1,4 meses para os pacientes masculinos).

Como dito anteriormente, o prognóstico da trissomia do 18 costuma ser desfavorável e nenhum tratamento atual mostrou-se capaz de curar ou prevenir a doença. Nesse sentido, o diagnóstico pré-natal é importante porque permite que os pais e o obstetra se planejem em relação aos cuidados com pré-natal, parto e o recém-nascido. O aborto de fetos que tem síndromes genéticas não é permitido no Brasil.  Após o nascimento do bebê, a família, em sintonia com a equipe médica, pode optar por uma abordagem terapêutica mais paliativa ou intervencionista. As possíveis intervenções médicas a serem realizadas têm como objetivo corrigir defeitos graves e ameaçadores da vida, sua disponibilidade depende de quais anormalidades o feto apresenta. Em todos os casos, é imprescindível uma abordagem multidisciplinar e individualizada do paciente que tem a trissomia do 18!