A maioria das crianças cardiopatas (86%) nascem de mães consideradas de baixo risco, de pré-natal habitual. Ainda são poucos os diagnósticos fetais das cardiopatias. A maior parte desses bebês nasce sem o diagnóstico e um tempo precioso é desperdiçado muitas vezes até a descoberta da alteração, interferindo diretamente na qualidade do atendimento.
O ultrassom morfológico realiza um “screening” do coração, ou seja, funciona como um rastreio. O ecocardiograma fetal é um estudo mais aprofundado, onde avaliamos toda a anatomia e função cardíaca de maneira detalhada e precisa, e que chega a ter acurácia de até 98% no diagnóstico das alterações. O ecocardiografista fetal trabalha em parceria com toda a equipe de obstetrícia e ultrassonografia.
É um exame realizado através de equipamento de ultrassom, especialmente ajustado para a análise do coração fetal. Toda a estrutura anatômica, forma, função e ritmo cardíacos, serão avaliados de forma extremamente detalhada, para que nenhum diagnóstico importante fique sem ser conhecido. Realizado por profissional especialista em coração fetal, é ferramenta precisa e necessária para o reconhecimento das várias formas de cardiopatias, que, apesar de serem as alterações mais prevalentes no feto, não são as mais diagnosticadas por ultrassom convencional (morfológico ou obstétrico).
A nossa missão é oferecer uma assistência de excelência em Medicina Materno Fetal e Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia , que alia acolhimento, respeito, ética, conhecimento embasado nas melhores evidências científicas, uma equipe qualificada e tecnologia para rastrear, diagnosticar, prevenir e tratar doenças que podem afetar a gestação.
Nossa unidade Santo Agostinho foi desenhada para te fazer sentir em casa em uma etapa tão importante da sua vida!
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A Medicina Fetal é especialidade que tem o desafio de cuidar da vida do homem em um cenário que não é possível contato direto – o feto em desenvolvimento no útero. É desafiador e ao mesmo tempo admirável a possibilidade de intervir em uma fase muito precoce da vida com o avanço das técnicas e tratamentos desenvolvidos nos últimos 25 anos. Tais intervenções podem transformar radicalmente a vida daquele ser que está por nascer. Exemplos disso são as cirurgias fetais, como a reparação da mielomeningocele ainda no útero materno. Mas apesar desse êxito da medicina, existem algumas malformações e doenças fetais que não tem possibilidade de tratamento, nem após o nascimento. O comunicado do diagnóstico aos pais de que aquele bebe tem uma alteração é uma etapa da assistência médica muito delicada.
Como a maioria dos médicos, meu treinamento na faculdade e residência médica foi dedicado ao diagnóstico de doenças e ao domínio de opções terapêuticas. Não estamos preparados para ficar sem escolhas terapêuticas. E quando nos encontramos diante de um diagnóstico que não existe tratamento ou que apesar dos nossos esforços não somos capazes de chegar a um resultado satisfatório, experimentamos, em um primeiro momento, a sensação de fracasso, de impotência, de escassez e isso pode causar ruídos de comunicação entre médico e paciente.
O momento de falar sobre um diagnóstico que vai contra as expectativas dos pais de um filho perfeito e saudável é delicado, pois naquele instante estamos desconstruindo toda uma ilusão criada em torno daquela gestação e daquele bebe. Naquele instante… desconstruímos um sonho. O diagnóstico de uma síndrome genética ou malformação fetal que não permitem a sobrevida daquela criança após o nascimento ou que permita uma vida que não vai de encontro as expectativas dos pais, é catastrófico. Qual seria a melhor maneira do médico comunicar o diagnóstico e amenizar esse sofrimento dos pais? É uma pergunta muito difícil… Não existe uma regra. Cada família terá sua demanda e cada patologia tem suas peculiaridades. Mas é certo que quando nos colocamos de lado da paciente e da família, ela sente que nesse momento compartilhamos da sua dor, sofremos um pouco o sofrimento dela, percebe que sua tristeza foi vista e reconhecida, que a existência de seu filho, ainda que breve, está sendo respeitada e admirada. Não ter opções terapêuticas não é sinônimo de não se ter mais nada a oferecer. O efeito de apenas estar ali compartilhando e sendo solidário é incrível, é curativo para ambos os lados! Nesse momento somos ponte entre dois mundos: o da expectativa de uma criança perfeita e o da nova realidade que se apresenta. Devemos ser essa ponte estando presentes de fato, compartilhando com o casal de forma respeitosa e carinhosa as evidências cientificas existentes até então e acolhendo com empatia e escuta.
Médicos e pacientes precisam aprender a reconhecer os limites do poder da medicina. E isso significa ter compaixão por nós mesmos. Lutamos diariamente para conciliar a grande responsabilidade de curar com a realidade de que toda vida é finita. A beleza da vida não deveria ser tomada como garantida, existe o outro lado… existe a escuridão. Mas essa escuridão nos permite ver a luz, quando compreendemos e convivemos com sabedoria e leveza com nossos limites.
A empatia, a comunicação e a tomada de decisão compartilhada são essenciais e tem cada vez mais valor na nossa sociedade. Eu acredito que esse é o caminho para uma relação de respeito e informação.
Sejamos essa ponte, pelas nossas pacientes e por nós!
Texto de autoria da Dra. Marianna Amaral Pedroso.
Baseado em uma profunda conversa com um grande amigo durante um voo e no relato de Bettina Paek “The Unexpected Power of Presence”, publicado no ACOG em abril de 2019